30 de mar. de 2012

ProCicloviasPG fala de sua história na SECAL

Turma de Jornalismo das
Faculdades SECAL - Ponta Grossa, PR
No dia 27 de março, nosso querido Athon Gallera, integrante do ProCicloviasPG e aluno de jornalismo, nos convidou para fazermos uma apresentação do Movimento para a turma do primeiro ano de jornalismo da Faculdade SECAL. O objetivo da conversa foi de conhecer o histórico, a trajetória e perspectivas do ProCiclovias. Fizemos uma apresentação do Movimento, desde a sua criação e primeira participação em um forum social, a Conferência das Cidades, realizada em janeiro de 2010. Foram muito boas as intervenções dos alunos, que estão de parabéns pelo alto nível das perguntas e considerações formuladas. Obrigada, prof. Aline Jimenez e Athon, pela oportunidade. Esperamos que este tenha sido o início de uma frutífera colaboração entre a Secal e o ProCicloviasPG!

Portal Comunitário: Movimento realiza abaixo assinado para construção de ciclovia

Ciclistas procuram chamar atenção
do poder público para necessidade
de ciclovia em Uvaranas
Bicicletadas, pedaladas noturnas e panfletagem fazem parte das atividades promovidas pelo ProCiclovias. O objetivo do movimento é conscientizar a população e o poder público sobre a necessidade de ciclovia na Avenida Carlos Cavalcanti.

A Avenida Carlos Cavalcanti vai passar por uma revitalização em 2012. O Movimento ProCicloviasPG entregou à Prefeitura um projeto para implantação de uma ciclovia, integrada à construção do binário da avenida, mas ainda não obteve aprovação. A reivindicação está amparada por um abaixo assinado, que já conta com 2.450 assinaturas.

A Câmara Municipal de Vereadores não valida as assinaturas obtidas. “Uma das alíneas do Regimento Interno da Câmara fala que para entrar com uma iniciativa popular é necessária a fotocópia do título de eleitor dos assinantes. Mas isso inviabiliza qualquer iniciativa popular”, relata Fátima Ribeiro, integrante do movimento.

No dia 4 de março, os integrantes do ProCiclovias realizaram um ato de repúdio à deliberação da Câmara, no Parque Ambiental. Fátima conta que, embora a participação popular não tenha sido muito expressiva, os integrantes do Movimento utilizaram o espaço para panfletagem e conscientização das pessoas que passavam pelo local.

Entre as iniciativas do ProCiclovias para o ano de 2012 estão a elaboração do Projeto de Lei da Bicicleta, para tornar obrigatória a estrutura cicloviária na cidade, o 2º ciclo de mobilidade urbana e a coleta de mais assinaturas do abaixo assinado para a Ciclovia na Av. Carlos Cavalcanti, cujo objetivo é atingir 3 mil pessoas.

Fátima Ribeiro acredita que o relevo acidentado não justifica a falta de ciclovias em Ponta Grossa. “Os prefeitos de outras cidades estão atentando para o uso das bicicletas. Lugares de relevo tão acidentado quanto o nosso, como Irati e Guarapuava, estão iniciando as obras das ciclovias”.

João Ricardo Jensen, de 52 anos, aderiu ao movimento há quase um ano por sentir falta de uma estrutura adequada para a prática ciclística. “Os caminhões e ônibus jogam o veículo em cima dos ciclistas. Hoje pratico mais nas pedaladas à noite com o grupo. Não ando mais porque não temos pistas nas ruas”, revela. Ele acredita que a maioria dos cidadãos tem bicicleta, mas não usa no dia a dia porque tem medo.

Fonte: Portal Comunitário, 22/03/2012, link
Maria Fernanda Teixiera e Fernanda Rosas

29 de mar. de 2012

Eventos / quarta semana de março de 2012

Esta semana, estivemos com estudantes de duas instituições de Ponta Grossa conversando sobre a história e as ações do Movimento.

A primeira, dia 27/03, ocorreu nas Faculdades Secal com os estudantes de jornalismo. A segunda, dia 28/03, foram 2 palestras na Escola Professor Eugênio Malanski no núcleo Borsato, lado leste de Ponta Grossa.

Mais notícias e fotos destas duas atividades em breve.

O ciclista não é um obstáculo nas vias: ele faz parte do trânsito.

Se Libertar

Se Libertar
Escrito em março 28th, 2012


Untitled from Cristina Streciwik on Vimeo.

No episódio de hoje o publicitário Arthur fala de seu dia a dia em cima da bicicleta em uma cidade grande como São Paulo. Arthur acredita que esse meio de transporte tem um impacto positivo na sociedade e ainda economiza tempo. Ele também nos conta dicas de segurança e como se vestir!

Link aqui.

28 de mar. de 2012

Apenas 4 motoristas foram multados em Curitiba por colocar ciclistas em perigo durante ultrapassagem - E Ponta Grossa? Vamos pesquisar e colocaremos aqui.

Alexandre Costa Nasciemnto - Gazeta do Povo

De cada 500 mil multas de trânsito aplicadas em Curitiba, apenas uma tem como causa o descumprimento dos artigos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que protegem a vida dos ciclistas.

Entre 2009 e 2011, a autoridade municipal de trânsito – antiga Diretran, hoje Setran – autuou mais de 2 milhões de motoristas. O volume total de multas aplicadas cresceu em ritmo chinês, a uma taxa média de 15% ao ano.

Mas, somente em 4 ocasiões os agentes sacaram a caneta e bloquinho para fazer cumprir a lei e punir motoristas que desrespeitaram a distância mínima de 1,5 metro ao ultrapassar ciclistas, conforme determina o artigo 201 do CTB.

Neste mesmo período, nenhum motorista sequer foi multado por atropelar o inciso XIII do artigo 220, deixando de reduzir velocidade do veículo de forma compatível com a segurança ao ultrapassar um ciclista.

A falta de sanções não é necessariamente indicativo da inexistência de infrações dessa natureza em Curitiba. Ao contrário, ela revela a omissão do poder público em fazer cumprir a lei em favor dos ciclistas.

A conseqüência disso pode ser traduzida pelas estatísticas: nos últimos três anos, a capital paranaense contabilizou mais de 1,4 mil acidentes de trânsito que resultaram em ciclistas feridos e hospitalizados, uma média de 9 acidentes por semana, mais de um por dia, de acordo com o Sistema de Dados Operacionais do Corpo de Bombeiros do Paraná.

Nestes três anos, mais de 70 ciclistas perderam a vida nas ruas de Curitiba enquanto pedalavam. Na comparação com as outras capitais da região Sul, Curitiba é de longe a mais violenta e concentra 67% dos acidentes fatais, figurando como a 6ª capital mais perigosa para os usuários de bicicleta.

Apenas em 2011, ano em que absolutamente nenhuma multa foi aplicada por desrespeito aos artigo 201 do CTB, cerca de 20 ciclistas morreram no trânsito curitibano. Certamente, a maioria desses acidentes teria sido evitada e, talvez, a muitos desses cidadãos ainda estariam vivos e pedalando por aí se a lei do 1,5 metro fosse devidamente fiscalizada pelos órgãos responsáveis.

Reprodução/Setran-PMC
Reprodução/Setran-PMC /

O ciclista tem do direito (e o dever) de trafegar nas ruas, no mesmo sentido de circulação da via e com preferência sobre os veículos automotores. É lei. Está lá no Código de Trânsito Brasileiro para quem quiser ler : desrespeitar a lei do 1,5 metro é infração média, punida com 4 pontos e multa de R$ 85,13. Já ultrapassar ciclista com velocidade incompatível é infração grave, punida com 5 pontos e multa de R$ 127,69.

Pressupõe-se que todo motorista saiba disso, já que qualquer um deve passar por pelo menos 45 horas de um curso teórico antes de estar apto para dirigir. Ainda que não aprenda na auto escola, nem mesmo o desconhecimento de uma lei é argumento jurídico para justificar seu descumprimento. Se o motorista não respeita a lei, pondo em risco a vida de outros, é dever da autoridade competente “lembrá-lo” com uma autuação, que tem o papel punitivo e pedagógico, visando evitar a reincidência.

No entanto, quando isso não acontece, o resultado é catastrófico. É sociologicamente comprovado que a sensação de impunidade estimula o desrespeito às leis e, consequentemente, a criminalidade. Isso vale para qualquer situação. Mas, quando essa lógica é aplicada ao trânsito, a parte mais frágil, neste caso, os ciclistas, acabam pagando com a própria vida.

Reprodução/Internet
Reprodução/Internet /

O secretário municipal de Trânsito, Marcelo Araújo, que assumiu a Setran em janeiro deste ano, argumenta que o que dificulta a aplicação da lei é justamente a “precisão milimétrica” do CTB, que define a infração como o limite de 1,5 metro. “A olho nu, o agente de trânsito não tem condições de saber se o motorista passou a 1,49 metro – comentendo uma infração – ou 1,51, oue já não a caracterizaria. Seria necessário algum tipo de equipamento para medir a distância dos carros e das bicicletas para poder fazer as autuações”, justifica.
O secretário ressalta ainda que, para comprovar a infração com uso de equipamentos, eles devem ser previamente regulamentados pelo Contran, além de aferidos pelo Inmetro.
Já no caso da velocidade incompatível, prevista no artigo 220, o texto é subjetivo e dá margem a interpretação do agente. “Essa infração independe de medição por equipamento, porém, o agente ao autuar deve fazer constar qual teria sido a situação que o fez entender a incompatibilidade da velocidade”, sustenta Araújo em um artigo sobre a questão.

Porém, apesar de ser mais flexível, nenhum motorista foi multado nos últimos três anos pode descumprir esse artigo, ao contrário dos quatro que o foram com base no art. 201, ainda que não se tenha conhecimento da utilização de qualquer instrumento capaz de medir com precisão milimétrica a distância de ultrapassagem.

Na dúvida, a Setran pode distribuir gratuitamente aos seus agentes um instrumento que não custa caro e tem precisão quase infalível: o bom e velho bom censo. E claro, cobrar a aplicação da lei, em especial a que visa proteger os mais frágeis e vulneráveis.

Omissão será investigada pelo Ministério Público

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou procedimento para apurar a omissão da CET e do Denatran na questão da fiscalização e aplicação do artigo 201 do CTB.

A ação foi proposta pela jornalista e cicloativista Sabrina Duran, do blog Na Bike. Junto à petição, foram anexados artigos e reportagens que mostram como essa omissão e o consequente desrespeito a lei do 1,5 metro está relacionado à morte de ciclistas em São Paulo.

Polly Rosa
Polly Rosa / Em São Paulo, Ministério Público instaurou procedimento para apurar omissão dos órgãos fiscalizadores. Em São Paulo, Ministério Público instaurou procedimento para apurar omissão dos órgãos fiscalizadores.

O caso está sob responsabilidade da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital, que já pediu a elaboração de ofícios a serem enviados aos órgãos municipal, estadual e federal de trânsito.
Os respectivos órgãos terão de se explicar sobre a acusação de omissão frente a aplicação do artigo 201 do CTB, provando que cumprem e aplicam a lei corretamente. O prazo oficial para que os órgãos respondam ao Ministério Público é de 45 dias, a contar do recebimento do ofício. A partir daí, o promotor poderá mover a ação, caso não fique satisfeito com as provas apresentas contrárias à denúncia.

23 de mar. de 2012

Diário dos Campos: Matéria do ProCicloviasPG sobre segurança dos ciclistas


O Diário dos Campos, em sua edição de hoje, 23/03/12, veicula matéria do ProCicloviasPG sobre as etapas que devem ser tomadas para que os ciclistas possam desfrutar da segurança no trânsito.

Ver matéria completa neste blog ou na edição online do jornal.

22 de mar. de 2012

Um metro e meio: a distância que aproxima - vídeo 2

Nossa sociedade está preparada para conversar sobre isso? Com honestidade?

21 de mar. de 2012

Não somos a Dinamarca. Verdade, isso é em Toledo, no Paraná

Toledo, PR: 60 anos de fundação
Programa Toopedalando: aluguel de bicicletas e estrutura cicloviária

Ponta Grossa, PR: 188 anos de fundação
Nenhuma estrutura cicloviária integrada até 2012 - nada, zero ...

Etapas para segurança dos ciclistas em Ponta Grossa

Quais são os passos que devem ser tomados para a segurança dos ciclistas de Ponta Grossa? Nesta breve análise veremos onde estamos hoje e que passos tomar para que Ponta Grossa ofereça segurança aos ciclistas.

A situação hoje

Precária. Não existe uma estrutura cicloviária na cidade nem há preocupação das autoridades com relação aos ciclistas. Porém os ciclistas jovens e adultos, desportistas e trabalhadores, ativistas e domingueiros, meninos e meninas, abastados e humildes, querem usar suas bicicletas por inúmeras razões. Este problema não pode mais ser empurrado com a barriga.

Passos para a segurança dos ciclistas
  1. Estudos técnicos e sobre o ciclista princesino. Estamos articulando, junto a professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa, estudos que irão subsidiar o planejamento cicloviário da nossa cidade. Detalhes sobre essses estudos serão divulgados em breve. 
  2. Desenvolvimento do tema: intercâmbio e estudo. Várias ações foram e continuam sendo realizadas: a) o ProCicloviasPG realizou em 2011 o “1º Ciclo de Debates sobre Mobilidade Urbana Sustentável” com a presença de pesquisadores e estudiosos, trazendo a discussão técnica para nossa cidade - em setembro de 2012 haverá a segunda edição deste evento; b) o ProCicloviasPG adquire e estuda materiais técnicos nacionais e de outros países para entender esta problemática e oferecer soluções de comprovado nível técnico. c) o conhecimento acadêmico dos cursos locais deve ser aproveitado na elaboração de projetos de urbanização para Ponta Grossa; d) visitas do ProCicloviasPG a outras cidades para conhecer estruturas cicloviárias variadas e apresentar as melhores soluções.
  3. Participação da sociedade. A sociedade deve participar na elaboração de soluções através de: a) proposta de leis de iniciativa popular - ver ADIN impetrada pela OAB/PR referente ao Artigo 192 da CMPG; b) participação da sociedade na elaboração e fiscalização do Plano Diretor (atual campanha do ProCicloviasPG) e; c) mobilização da sociedade para exigir ação dos administradores referente à mobilidade por bicicleta.
  4. Desenvolvimento de projetos e captação de recursos. Há inúmeros programas para desenvolvimento urbano e a questão do transporte por bicicleta está amplamente contemplada. a) consulta com os setores da sociedade; b) desenvolver os projetos; b) enviar os projetos aos governos estadual e federal para captação de recursos.
  5. Realização das obras. As obras devem ser realizadas em etapas: a) criação de bicicletários e paraciclos para que os ciclistas tenham onde deixar suas bicicletas; b) criação de ciclofaixas nas vias com conflitos entre automóveis e bicicletas, ex. Av. Carlos Cavalcanti; c) construção de ciclovias até os locais turísticos, ex. Passo do Pupo; d) educação de trânsito, com inclusão do tema no curriculo escolar e campanhas permanentes que preparem motoristas, motociclistas e usuários de bicicleta para uma convivência pacífica nas ruas.

Através da elaboração e implementação do Plano Diretor e do Plano de Mobilidade Urbana, o objetivo da segurança para os ciclistas será certamente atingido. Para chegar lá será necessário muita participação da sociedade para trazer estes temas para o centro da discussão. Participe também no Facebook:

19 de mar. de 2012

Mini Fórum compartilhou experiências de paranaenses no 1º Fórum Mundial da Bicicleta

"Os amantes da bicicleta do Paraná sentiram um pouquinho do clima que contagiou Porto Alegre durante a realização do 1º Fórum Mundial da Bicicleta. A vivência dos paranaenses que participaram do evento foi compartilhada neste sábado (17) durante o Mini Fórum da Bicicleta.

O evento, que reuniu cerca de 30 pessoas, trouxe para Curitiba uma amostra dos temas e oficinas que foram apresentados pelos paranaenses durante o encontro."

Mini Fórum compartilhou experiências de paranaenses no 1º Fórum Mundial da Bicicleta

Matéria: Alexandre Costa Nascimento
Blog ir e vir de bike: http://www.gazetadopovo.com.br/blog/irevirdebike/

O Coro da Multidão - Pedaladas públicas - Colunistas - Gazeta do Povo

"Para o bem ou para o mal, março está sendo o mês das bicicletas. Para o mal, porque atropelamentos de ciclistas estão semanalmente no noticiário. Na semana passada, um jovem belga que fazia intercâmbio no Brasil morreu atropelado em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Em 9 de março, um senhor de 71 anos foi atropelado por duas motos na Linha Verde, em Curitiba. Para o bem, os ciclistas estão se transformando em força política e propondo o uso da bicicleta como alternativa viável de transporte coletivo."

Leia mais no link:
O Coro da Multidão - Pedaladas públicas - Colunistas - Gazeta do Povo

Entrando em contato com o Rhodrigo Deda e agradecendo ele ter publicado matéria a respeito de bicicletas estaremos contribuindo com o Movimento.
rhodrigodeda@gmail.com

Começando a semana bem!

Marilyn Monroe e sua bicicleta.



18 de mar. de 2012

"No rastro do cicloativismo", por André Geraldo Soares

Socialmente falando, não faltam motivos para que muitas pessoas se sintam descontentes com suas vidas - e a reversão deste estado invariavelmente se obtém por ação própria. Equidade de gênero, igualdade étnica e contrato de trabalho não resultaram do coração mole de alguns membros das categorias beneficiadas, mas de pressões, por diversos meios e durante longo período, exercidas pelas pessoas que pertencem às categorias subjugadas. Dizemos que tais pessoas atuam para romper padrões e modificar crenças, ao invés de permanecerem inertes e conformadas com a cultura preponderante. Dentre essas pessoas que atuam - e grupos por elas compostos -, algumas refletem sobre esse fazer, compreendem a função deste estado ativo e alertam as demais sobre os efeitos inconvenientes da passividade - por isso dizemos que são ativistas.

Assim acontece com o ciclismo. Milhões de pessoas pedalam diariamente, ocupando o espaço público e, muitas vezes, confrontando com motoristas que se pretendem - amparados por um imaginário e pela omissão do poder pública em desconstruí-lo - proprietários das vias públicas. A maior parte deles pedala por necessidade ou simplesmente por gosto, pedala "naturalmente" e não pensa ou conversa sobre democratização do trânsito, direitos dos mais vulneráveis ou coisas tais, e suas manifestações não vão além de xingar um prevalecido qualquer ou praguejar contra um buraco na rua.

Mas dentre os ciclistas temos aqueles que pedalam afirmativamente: são sabedores de que o trânsito é um espaço de relações sociais, são conhecedores da legislação e são conscientes de que andar de bicicleta contribui para a qualidade de vida urbana, para a diminuição da pressão sobre os recursos naturais e para o próprio bem estar físico e mental. Muitos deles ainda possuem ou têm condições de possuir um veículo motorizado, mas dele abrem mão em favor de princípios de igualdade social e de sustentabilidade ambiental ou por não tolerarem uma academia de ginástica.

Dentre estes ainda encontramos alguns que manifestam seus pontos de vista em seus círculos de relacionamentos, escrevem para jornais ou para a prefeitura requerendo a garantia de direitos ou ainda comparecem a audiências públicas e outros espaços de participação cidadã para tentar influir nas políticas públicas. Recortando mais ainda, encontramos um grupo menor, de pessoas que fazem tudo isto, mas que buscam seus pares ciclistas-afirmativos-manifestantes para atuarem conjunta e organizadamente.

É este o cicloativista. O cicloativista usa a bicicleta sempre que possível, o faz para ocupar um espaço que lhe é de direito e para demonstrar que sua escolha não se dá apenas em benefício próprio e procura outras pessoas que pensam e agem de forma similar para, em conjunto, ocupar todos os espaços disponíveis para alcançar mais rápida e autenticamente não apenas sua inclusão no trânsito, mas seu direito à cidade. Ou seja, o cicloativista afirma sua atividade de influência social.

É óbvio, o cicloativismo não é um bloco homogêneo. Pra começar, nem todos assumem ou gostam, por variadas razões, do termo. E ainda abundam os métodos de atuação, as visões de mundo e mesmo o cumprimento dos compromissos internamente assumidos. De consumistas a ecologistas, de "antipolíticos" (há quem acredite que isso é possível) a politizados, de atléticos a relaxados, de todos os bolsos e credos, os cicloativistas convivem como qualquer outro grupo socialmente ativo na história: em movimento. O cicloativismo se insere na corrente dos novos movimentos sociais, formados em torno de identidades de sentimentos e de anseios não contemplados (de etnia, gênero, perspectiva cultural, propriedade, ligação com a natureza etc., vinculados ou não com a estrutura econômica) - e não raramente neles se pode encontrar contradições e incoerências.

Mas é possível afirmar convictamente que a este conjunto - que nem é tão recente nem começou no Brasil - pode-se atribuir a responsabilidade pelo trânsito ainda não ter virado um inferno consumado. Pedalando no dia-a-dia, organizando bicicletadas e passeios ciclísticos, escrevendo em blogs e buscando a TV, introduzindo a temática em rodas diversas, apresentando Projetos de Lei, fotografando, requerendo, denunciando, pesquisando e palestrando os cicloativistas, mesmo sem o conhecimento ou sem o apoio de todos os ciclistas, mantém o assunto em debate no cenário cultural, político, econômico e técnico-estrutural.

E obtendo uma cicloviazinha aqui e outra acolá, uma sentença judicial de vez em quando ou um estimulante sorriso ou buzinada de apoio, vão deixando seu rastro de contribuição civilizacional, onde encontram alguma razão para acreditar que se não for pelo bom senso, será pelo caos e pela crise que as cidades terão de fazer da mobilidade ciclística mais do que um elemento tolerado ou um enfeite urbano.

Imagens e texto: Via Ciclo, link

Artigo originalmente publicado na Revista Bicicleta - Ano 1, nº 12 - Dez/2011 - Pag. 28-29

17 de mar. de 2012

Diário dos Campos - Mobilidade Urbana e Plano Diretor

17/03/2012
Ponta Grossa, PR
Fátima Ribeiro

"A mobilidade urbana tem sido cada vez mais discutida na cidade. Em 2010, divulgou-se que Ponta Grossa estava entre as 100 cidades brasileiras com a maior relação carro/habitante, com um carro para cada 2,3 moradores. A cada mês, aproximadamente 800 novos carros entravam em circulação na cidade.

Apesar da mobilidade urbana não se referir apenas ao trânsito para carros, a redução da circulação de carros na cidade é uma das medidas mais eficazes para a melhoria desta.

A frase “não se pode resolver um problema com a mesma mente que o criou”, atribuída a Einstein, ilustra bem a forma como a questão da mobilidade urbana tem sido considerada em Ponta Grossa: resolve-se o problema dos carros com mais carros, aumentando-se o fluxo de veículos nas ruas, através da retirada das áreas de estacionamento nas vias ou criando-se vias secundárias.

Não que isso também não seja necessário. Mas como o espaço urbano é finito, o número de veículos não pode aumentar indefinidamente. Necessita-se de medidas que estimulem o cidadão a deixar o carro em casa e utilizar o transporte coletivo ou o transporte não-motorizado, incluindo aí o caminhar.

Quais os argumentos utilizados pelos gestores para não adotar tais medidas? Por exemplo, “que todo mundo quer ter um carro e ninguém gosta de andar de ônibus”. Será? Então, por que na França, as pessoas deixam o carro em casa e vão trabalhar de ônibus ou de bicicleta? Será que o francês gosta de sofrer e pegar ônibus? Não, é que lá, as políticas públicas estimulam o transporte coletivo para que este seja de qualidade.

Aqui, transporte coletivo e bicicletas, são considerados meios de transporte de segunda categoria. É só ir até o Terminal Central e ver o estado em que este se encontra.

Será que se tivéssemos linhas de ônibus diferenciadas, como em Londrina, as pessoas não optariam por deixar o carro em casa e ir de ônibus? Um micro ônibus na rua significaria 20 carros a menos...

Outro argumento comumente utilizado por quem não está familiarizado com o assunto, é o de que Ponta Grossa não é favorável para a bicicleta. Então, alguém comunique isso aos milhares de trabalhadores que usam a bicicleta como meio de transporte. Esse é um mito que tem que acabar. Ponta Grossa tem relevo acidentado, porém não em toda a cidade. Existem várias regiões em que ciclovias/ciclofaixas poderiam ser construídas: Uvaranas, linhas férreas desativadas (como por exemplo a paralela à Visconde de Mauá) e vários outros locais.

Guarapuava e Irati têm ciclovias. Em Irati, estão sendo incorporados mais 3,68 quilômetros, fruto de convênio entre o município e o Ministério das Cidades, com investimento de R$ 478.210,41. A preocupação do prefeito Sergio Stoklos é que as pessoas que circulam a pé ou de bicicleta tenham segurança.

Mas aqui em Ponta Grossa, a situação deve mudar. Nós, do Movimento ProCicloviasPG, ficamos felizes em constatar que a discussão desse tema está se ampliando.

Mas o cerne da questão não está nas ciclovias. O que importa é que a próxima gestão aprove o Plano Diretor Participativo de Ponta Grossa, sem o qual ficaremos à mercê das prioridades dos gestores de plantão. Cabe à população reivindicar esse direito, participar na elaboração do Plano Diretor e fiscalizar a sua implementação."

Fátima Ribeiro é engenheira agrônoma e integrante do
Movimento ProCicloviasPG
Link para a matéria na edição online do jornal aqui.

16 de mar. de 2012

Usuários da bicicleta no BR

Como está distribuido o uso da bicicleta no Brasil?

Alguns números:
  • Frota nacional: 60 milhões de bicicletas 
  • Produção anual: 5 milhões de bicicletas (2004)
  • Ciclistas usuários por dia no Brasil: 24 milhões 
Utilização das bicicletas produzidas:
  • 53% para transporte 
  • 29% para uso infantil 
  • 18% para lazer e esporte 
(Fonte: ABRACICLO)

A foto abaixo representa aqueles que usam suas bicicletas para transporte, ou seja,  mais da metade dos ciclistas brasileiros.

Bicicleta usada para transporte e pequenas distâncias

Este é o público principal para o qual o Movimento ProCicloviasPG deverá continuar trabalhando, ou seja, melhorar as condições de segurança para aqueles que usam a bicicleta para: trabalho, escola, universidade, pequenas compras, tarefas diárias próximas da residência, passeios curtos com amigos e familiares.

Os atletas e desportistas em geral, que são menos de 18% dos usuários, atingem distâncias muito maiores, da ordem de 50 quilômetros ou mais, pedalam fora da região central e não são os típicos usuários da estrutura cicloviária urbana. Eventualmente os atletas e desportistas fazem uso da estrutura cicloviária quando estão a caminho das saídas da cidade, porém as ciclofaixas, ciclovias, para-ciclos, bicicletários são tipicamente utilizadas pelo ciclista comum em seus afazers diários e em deslocamentos curtos. Muitas das bicicletas dos atletas e desportistas custam R$5.000,00 ou mais e não é seguro deixá-las nos bicicletários presas apenas com um cadeado. Esse problema ocorre também na Europa, onde, em países como França e Holanda, os ciclistas urbanos usam bicicletas mais velhas e até com pintura riscada para não chamar a atenção.

Um metro e meio: a distância que aproxima - vídeo 1

"A Cicloliga lança hoje o primeiro vídeo de uma série sobre o artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que protege os ciclistas contra as finas de automóveis e cujo descumprimento já vitimou tantos ciclistas. Embora exista e esteja presente em um código federal que é o CTB, o artigo 201 não é fiscalizado e seus infratores não são punidos pela CET. Veja nesse primeiro vídeo como cumprir o artigo 201 é fácil para qualquer motorista com bom senso e respeito. Veja também quais são as consequências do não cumprimento da lei, sempre endossadas pela omissão da CET." --Cicloliga



Agradecemos a Taila Vetorato pelo link.

Mobilidade Urbana em Ponta Grossa e a Importância de um Plano Diretor

A mobilidade urbana tem sido um tema cada vez mais discutido em Ponta Grossa. Em 2010, dados publicados pela imprensa davam conta de que a cidade estava entre as 100 cidades brasileiras com a maior relação carro/habitante: 135 mil veículos para 214 mil habitantes, ou 1 carro para cada 2,3 moradores. Esses dados mostravam também que, a cada mês, aproximadamente 800 novos carros entravam em circulação na cidade.

Apesar do tema mobilidade urbana não se referir apenas ao trânsito para carros, a redução da circulação de carros particulares na cidade é uma das medidas mais eficazes para a melhoria da mobilidade urbana, obviamente acompanhada de outras ações. À primeira vista, pode parecer uma medida não muito popular, porém a experiência de cidades onde isso aconteceu mostra que a população agradeceu a essa mudança.

Av. Vicente Machado
Ponta Grossa, PR
A frase “não se pode resolver um problema com a mesma mente que o criou” atribuída a Einstein, ilustra bem a forma como administração municipal tem lidado com a questão da mobilidade urbana em Ponta Grossa: resolve-se o problema dos carros com mais carros, ou seja, aumenta-se o fluxo de veículos nas ruas, através da retirada das áreas de estacionamento nas vias ou criando-se vias secundárias.

Não que isso também não seja necessário. Mas não é difícil entender que o espaço urbano é finito, e, portanto, o número de veículos não pode aumentar indefinidamente. Necessita-se, assim, de medidas que estimulem o cidadão a deixar o carro em casa e utilizar o transporte coletivo ou o transporte não-motorizado, incluindo aí o caminhar.

Quais os argumentos que os gestores podem usar para não adotar tais medidas? Por exemplo, “que todo mundo quer ter um carro e ninguém gosta de andar de ônibus”. Será? Então, por que em países da Europa, como por exemplo, na França, as pessoas deixam o carro em casa e vão trabalhar de ônibus ou de bicicleta? Será que é por que o francês gosta de sofrer e então pega ônibus para ir trabalhar? Não, é porque lá as políticas públicas estimulam o transporte coletivo para que este seja de qualidade.

Mas aqui não. Aqui, transporte coletivo, assim como as bicicletas, são considerados como meio de transporte de segunda categoria. É só ir no Terminal Central e ver o estado em que este se encontra, com problemas de segurança, limpeza e manutenção precárias.

Será que se tivéssemos linhas de ônibus diferenciadas, como tem em Londrina o Psiu, que oferece água e possui ar-condicionado, as pessoas não optariam por deixar o carro em casa e ir de ônibus? Não seria mais agradável pegar um ônibus e ler um livro até chegar ao local de trabalho? Um micro ônibus na rua significaria 20 carros a menos...

Ouro argumento comummente utilizado por quem não está familiarizado com o assunto, é o de que Ponta Grossa não é favorável para a bicicleta. Então, por favor, alguém comunique isso aos milhares de trabalhadores que usam a bicicleta para ir ao Distrito Industrial, Vendrami e outros locais de trabalho. Esse é um mito que tem que acabar. Ponta Grossa tem relevo acidentado, porém não em toda a cidade. Existem várias regiões em que ciclovias/ciclofaixas poderiam ser construídas, para citar algumas: Uvaranas, linhas férreas desativadas (como por exemplo a paralela à Visconde de Mauá, que sai da Bungue e vai até a Avenida dos Vereadores) e vários outros locais. E, se encontrar uma subida durante o trajeto, o trabalhador não se importa de descer de sua Barra Forte e empurrar até o topo da encosta. É assim que ele se adaptou à topografia de nossa cidade. Só não dá para se adaptar à falta de segurança no trânsito e à falta de planejamento.

Irati, PR, conta com ciclovia
Duas cidades vizinhas a Ponta Grossa, Guarapuava e Irati, já têm ciclovias. Em Irati, que por sinal, tem o relevo mais acidentado que o da nossa cidade, estão sendo incorporados mais 3,68 quilômetros ao trecho batizado como Linha Viva, fruto de convênio entre o município e o Ministério das Cidades, com investimento de R$ 478.210,41. A motivação do prefeito Sergio Stoklos em incentivar as pessoas a usarem suas bicicletas é que é ecológico, saudável e a sua preocupação é que as pessoas que circulam a pé ou de bicicleta tenham segurança.

Mas aqui em Ponta Grossa, a situação deve mudar. Nós, do Movimento ProCicloviasPG, ficamos felizes em constatar que a discussão do tema da mobilidade urbana (e até mesmo das ciclovias!) está se ampliando e que, com certeza, fará parte da pauta de reivindicações que apresentaremos a todos os candidatos a prefeito e vereador neste ano.

Plano Diretor Participativo
Mas o cerne da questão não está nas ciclovias. O que importa realmente é que a próxima gestão aprove, de uma vez por todas, o Plano Diretor Participativo da cidade de Ponta Grossa. Sem esse Plano, ficaremos sempre à mercê das prioridades dos gestores de plantão, e o que é pior, com mais e mais medidas pontuais e de curto prazo que não irão resolver o problema em sua causa. Cabe à população reivindicar esse direito, participar na elaboração do Plano Diretor e fiscalizar a sua implementação.


--Fátima Ribeiro, integrante do ProCicloviasPG

15 de mar. de 2012

Eldon Jung comenta ProCivloaisPG no grupo "cicloativismo" do Facebook

O Facebook recentemente tornou-se a mídia social preferia para os movimentos sociais. O ProCicloviasPG criou uma página (link) e um grupo (link) no Facebook e vários de seus integrantes vem participando de outros grupos cicloativistas no Facebook.

Talvez o grupo mais representativo dos cicloativistas seja o "cicloativismo" e o ProCicloviasPG vem postanto regularmente suas atividades lá. Recentemente divulgamos que a integrante do ProCicloviasPG Fátima Ribeiro participou de um seminário sobre políticas públicas promovido em nossa cidade. Para nossa satisfação o Eldon Jung "curtiu" o post e respondeu meu comentário confirmando que ele nos encoraja e torce pelo Movimento.

Para entender o que significa "aparecer no radar" do Eldon aqui vai uma síntese de suas atividades:  Eldon é um empresário que vem trabalhando pela implantação e melhoramento da estrutura cicloviária em Blumeneu, SC, desde os anos '80. Isso mesmo, por cerca de 30 anos! O Eldon é co-fundador e foi presidente da ABC, a Associação Blumenauense Pró-Ciclovias. No mês de abril de 2011 tivemos a satisfação de visitar aquela cidade para conhecer sua estrutura cicloviária onde fomos recebidos de maneira incrivelmente amigável pelo Carlos Roberto Pereira, o atual vice-presidente da ABC. Temos um carinho especial pela ABC pois o nome do nosso Movimento foi claramente inspirado no nome daquela associação. E mais que em seu nome, nos inspiramos também em seus métodos e objetivos.

Assim, nos sentimos apoiados não só pelo Eldon Jung como representante de uma importante associação de ciclistas, mas, e talvez principalmente, pelo fato do seu apoio significar que estamos na direção certa ao interagir abertamente com os partidos políticos que pretendem de fato assimilar os conceitos de mobilidade urbana sustentável e integrar esses conceitos aos seus planos de governo. Mesmo que a situação "periférica" dos ciclistas melhore através de obras pontuais, o cerne da questão é a legislação, como a implantação de uma "Lei da Bicicleta" na cidade. Sem uma legislação clara a questão da mobilidade por bicicleta continuará a critério, ou pior, dependerá da preferência pessoal e circunstancial do executivo e isso não é admissível em uma democracia.

Nosso muito obrigado ao Eldon Jung e a todos os que já lutam há algum tempo pela causa do cicloativismo e por condições mais seguras para todos os ciclistas do país.

Curta entrevista do Eldon Jung:

Post no Facebook e comentário do Eldon Jung

14 de mar. de 2012

Integrante do ProCiclovias participa de seminário sobre políticas públicas.

"Ontem (13/03/2012) participei da primeira parte desse seminário, fazendo uma análise da mobilidade urbana em Ponta Grossa e colocando algumas propostas de políticas públicas. O seminário foi muito bom, tivemos ótimos palestrantes que discutiram mídia comunitária, Plano Diretor e gestão do lixo. Próximo sábado, teremos a segunda rodada, com ótimos palestrantes também. Vejam a programação no cartaz do evento.
As propostas apresentadas serão incorporadas pelo PC do B em seu plano de governo.
O Movimento está aberto para os demais candidatos que tenham interesse em incorporar as propostas do ProCicloviasPG em seu plano de governo."
-- Fátima Ribeiro, integrante do Movimento ProCicloviasPG

Abaixo a chamada para o evento, como consta no site do PCdoB:


O Comitê Municipal do PCdoB de Ponta Grossa realiza nos próximos dias 13 e 17 de março a primeira etapa do Seminário sobre Políticas Públicas, Cidadania e Gestão Municipal: Pensar & Mudar!

O seminário nesta primeira etapa será realizado em dois dias e deverá abordar temas de interesse de toda a comunidade. Serão 5 expositores por dia. Cada expositor falará sobre o seu tema por aproximadamente 25 minutos e após a fala de todos os participantes haverá um pequeno debate entre eles e o público presente.

Uma segunda etapa do evento já está sendo organizada e deve contar com temas não contemplados nesta primeira fase do Seminário e deverá ser realizado no mês de abril.

As exposições servirão como instrumento para a construção do Plano de Governo que o PCdoB aprensentará nas próximas eleições municipais.

O Seminário irá acontecer no Pequeno Auditório do Bloco A da UEPG – Campus Central.

Todos estão convidados.

Acompanhe a programação do evento:

Aqui um link para a matéria original.

ACIPG e Convention Bureau estudam projeto para passeio ciclístico

14/03/2012 - ACIPG e Convention Bureau estudam projeto para passeio ciclístico

Representantes da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG) e do Convention Bureau estiveram em reunião com participantes do Movimento Pró-Cicloviasde Ponta Grossa, na terça-feira (13/03), na ACIPG. O objetivo do encontro foi o estudo de viabilidade para realizar passeio ciclístico na cidade, na segunda quinzena de abril.

“Entre as metas da ACIPG, presente no Planejamento Estratégico, temos a corrida rústica e o projeto de passeio ciclístico envolve ações em comum com a meta, como mobilidade urbana e hábitos saudáveis. O Movimento Pró-Ciclovias está estudando o trajeto e a viabilidade. Já deixamos o convite para os nossos quase 3.000 associados para que participem do projeto”, comenta o presidente da ACIPG, Marcio Pauliki. O presidente destaca que a Secretaria Municipal de Esportes também será chamada para participar dos preparativos.

Na ocasião, Pauliki e o diretor de Comércio Exterior da ACIPG, Weliton da Silva Barreiros, apresentaram o estudo preliminar de mobilidade urbana de estacionamento subterrâneo no Complexo Ambiental Governador Manoel Ribas – Parque Ambiental, que também conta com revitalização das Praças da Água e do Ar. A da Água teria inclusão de cascata e ponte sobre o espelho d’água e uma nova passarela a uniria a do Ar, com acesso através de rampa, permitindo a acessibilidade e travessia facilitada de bicicleta. Mudanças como alargamento da pista de caminhada existente para inclusão de ciclovia e criação da mesma na Praça do Ar também constam no projeto.

“O Convention Bureau, juntamente com o Movimento Pró-Ciclovias, vai colaborar na preparação das articulações ciclísticas”, destaca o diretor executivo do Bureau,Eros Edesio de Freitas.

Gabriel Rangel, integrante do Movimento Pró-Cicloviasde Ponta Grossa ressalta que o passeio ciclístico vem contribuir com a melhoria de vida da sociedade. “Através do passeio há contribuição para a saúde. As pessoas podem mudar hábitos, fazendo do uso da bicicleta um aliado. Melhorias na cidade para os ciclistas são bem vindas”.

Jornalista: Thaís Helena Ferreira Neto

Aqui o link para a matéria original.

11 de mar. de 2012

Fantástico pedala pelas ruas de SP e mostra guerra entre ciclistas e motoristas

Chamada para o programa de 11/03/2012

O Fantástico (?) da Globo, tal como um tablóide de Londres faria, usa expressão "guerra" em chamada sensacionalista de matéria sobre uso de bicicletas nas ruas no Brasil.

Não somos inocentes nem pensamos que não existe um sério conflito entre os vários modais de transporte, e, sendo que a bicicleta é o menor e máis fágil dentes eles, surgem todos os tipos de problemas que presenciamos todos os dias em cidades grandes ou pequenas.

Porém, ao usar o termo "guerra" a Rede Globo alimenta uma situação já conflituosa e o preconceito contra as bicicletas como meio de transporte. Não se enganem amigos, esta é a mesma emissora que produz o BBB, o que fala muito sobre seu real interesse: propagar conflitos e desentendimentos e depois utilizar essa audiência para vender comerciais - pois são comerciais que realmente geram o lucro de uma empresa de mídia comercial.

Texto da chamada: "A repórter Renata Ceribelli saiu pedalando pelas ruas de São Paulo para ver de perto da guerra entre ônibus, carros e bicicletas. Será que existe espaço para ciclistas na maior cidade do Brasil? É possível uma convivência pacífica?". À primeira vista parece normal, o problema está sob a superfície.

Link para a matéria da Gobo aqui.

10 de mar. de 2012

Dia de Repúdio ao Artigo 192 da CMPG - Mais resultados

Henrique Henneberg
Presidente do Conselho Comunitário de Segurança
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN), protocolada pelo Conselho de Entidades no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR), pedindo em caráter irreversível a suspensão da exigência da fotocópia do título de eleitor para apresentação de projetos de lei de iniciativa popular à Câmara Municipal, deverá ser apreciada pelo colegiado do Tribunal somente no mês que vem. O relator da matéria, desembargador Marcelo Gobbo Dalla Déa, entrou em férias. A matéria chegou a ser incluída na pauta da sessão da última segunda-feira, 05, mas não foi a julgamento devido o relator ter solicitado a manifestação da Câmara Municipal. O presidente do Conselho Comunitário de Segurança, Henrique Henneberg, informou ontem que o Conselho de Entidades, através do Conselho Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), estará solicitando nos próximos dias ao presidente do TJ, desembargador Miguel Kfouri Neto, a designação de um novo relator para a matéria. “Não dá para ficar com essa novela indefinida”, defende Henneberg.

Fonte: Blog do Johnny, link

Grifos nossos.

8 de mar. de 2012

Blog de Reinaldo Azevedo, na VEJA, espalha desinformação sobre cicloativistas.

Reprodução de matéria completa do blog de Reinaldo Azevedo, na VEJA
link para a matéria original aqui - interessante são os comentários ;)

07/03/2012 às 15:32
Fascisbikers e talibikers, vocês não me intimidam! Tirem um pouco o traseiro do selim e vão estudar democracia! Submetam-se à Constituição!

Os “bikers”, como toda minoria radicalizada, são, antes de tudo, uns chatos. São também autoritários. Não tenho nada contra quem anda de bicicleta, mas contra quem faz disso uma “causa” e tenta se impor pela força. É um caso análogo ao da Liga Brasileira de Lésbicas, que recorreu à Justiça para tirar os crucifixos das repartições da Justiça no Rio Grande do Sul. É lésbica quem é, goste disso ou não — e não tenho nada com isso. Só não lhes reconheço o direito de mudar a história brasileira e querer banir os crucifixos da memória cultural brasileira porque, sei lá, consideram que os fundamentos da religião não abrigam as suas práticas. Essa gente não está disposta a acatar a democracia? Lamento! Um ciclista deve ser um indivíduo dotado de direitos; os “bikers” querem impor aos outros o que consideram ser seu “direito” sem ser, a saber: paralisar a cidade.

Cadê os parlamentares de São Paulo, das esferas estadual e municipal? É preciso delimitar a área dos 11 hospitais e adjacências da região da Paulista e criar leis que simplesmente impeçam grupos — sejam eles quais forem — de se impor pela força. O conjunto dos paulistanos não é obrigado a aderir à força à pauta dessa turma ou daquela. Essa gente só prospera e só parece simpática no noticiário porque também a imprensa está infiltrada por esse, como chamarei?, radicalismo de classe, a tal “classe média consciente”, que julga ter descoberto “a coisa”. Não descobriu porcaria nenhuma!

Eu não escrevi os textos que escrevi para mudar a cabeça deles, não. Tivessem algo interessante sobre o pescoço, não fariam o que fizeram ontem. Escrevi como expressão da maioria silenciosa, que tem de agüentar os chiliques dessa minoria arrogante e autoritária; escrevi como membro daquela parte da cidade que acaba tendo seus direitos seqüestrados por esses filhinhos de papai em busca de uma causa. São incapazes de entender um argumento. Já estão me demonizando nas redes sociais, conforme o esperado. Vão se danar! Isso é coisa típica dessa era de ignorantes que se pensam salvadores do mundo.

Querem mais ciclovias na cidade — onde for possível ter ciclovias? Têm meu apoio! Querem uma campanha por mais respeito no trânsito? Tudo bem! Espero, aliás, que os usuários de bicicleta também se submetam às leis, não andando sobre as calçadas e usando os sinalizadores, por exemplo. Mas não têm o direito de fazer isso na porrada, não! Até porque é uma burrice!

O que eles acham? Acreditam que a sociedade lhes será mais simpática depois disso? Acham mesmo que, ao saber o motivo da paralisação da avenida, que lhes roubou algumas horas de descanso e do convívio com a família, os paulistanos pensaram: “Pô, esses bikers têm razão!” A era da Internet e da mobilização das redes sociais revela muitas coisas interessantes, sim! Mas também tem um grave defeito. Os fanáticos disso e daquilo se juntam em verdadeiras seitas e passam a achar que o mundo todo deve ser regulado e organizado segundo as suas regras.

E que se note: eu não sou uma “legião”, como os demônios ou, sei lá, alguns bikers. Eu sou “um”. Quem escreveu os textos fui eu, não a VEJA. Eu nem sei o que a revista pensa sobre “bikers”, eliminação dos crucifixos etc. Aliás, um sujeito que se identifica como “Sampaio”, certamente se inquietando na cadeira, com a comichão a lhe trazer a saudade do selim, escreveu:
“Pode aguardar. Serão milhares pedindo a sua cabeça na Veja”.

Façam isso mesmo! Quem se comporta como Mussolini também pode se comportar como um Robespierre sobre duas rodas. Mas basta apear do veículo para que bata aquela vontade irresistível de botar, além dos dois pés, as duas mãos no chão! Vão protestar nos parques! Aprendam a encaminhar petições ao poder público seguindo as regras da democracia! Instruam-se um pouquinho sobre civilidade.

Para encerrar: o “Fábio” envia-me algo bem delicado: “Eu faço questão de cuspir na sua cova, seu Reinaldo!” É mesmo? Se eu me for antes, rapaz, você terá a oportunidade de fazê-lo. E será um comportamento compatível com seu pensamento. Já sou experiente o bastante para saber que aqueles que não respeitam os mortos não têm também o menor compromisso com os vivos.

Segundo entendi, o protesto fascistóide de ontem foi motivado pela morte de uma ciclista. Segundo os humanistas do selim, segundo os Robespierres e os Mussolinis sobre duas rodas, quando morre “um dos nossos”, a gente pára o mundo; quando morre “um dos deles”, a gente cospe na cova.

É, de novo, a lógica do terrorismo em estado larvar. Comigo não, violão! Comigo, fascista não se cria!
Por Reinaldo Azevedo

7 de mar. de 2012

Cidade negligencia seus ciclistas em favor dos carros | Carta Capital


"O trânsito de São Paulo vitima, segundo dados de 2010 da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), um ciclista por semana. As estatísticas de 2012 incluem Juliana Dias, de 33 anos, morta na sexta-feira 2 ao ser atingida por um ônibus na avenida Paulista, centro da cidade, quando pedalava para o trabalho."...

Leia tudo aqui:  Cidade negligencia seus ciclistas em favor dos carros | Carta Capital

Protesto ou celebração. Ou algo ainda mais profundo?


Um dos criadores do movimento sustenta: “deserção ativa” expressa no ato de pedalar, corrói um sistema de exploração social em cujo centro estão indústria petrolífera e posse de automóvel particular
Por Chris Carlsson, no Vá de bici

Para participar de uma Massa Crítica, você – se tiver uma bicicleta – não precisa comprar nada; nem objeto, nem serviço, nem ideologia; você não precisa nada a não ser o desejo de tomar parte na vida pública, sobre duas rodas. Quando centenas ou milhares de ciclistas tomam as ruas tal qual convivas utilizando o espaço público de forma celebratória, muitas das expectativas e regras do capitalismo moderno são desafiadas. Comportamentos individuais escapam à lógica do comprar e vender, ainda que apenas por algumas horas. Uma vez nas ruas, conexões inesperadas emergem, coisas não planejadas acontecem, relacionamentos bacanas iniciam por acaso. Diferentemente de uma ida ao shopping ou ao mercado, as conversas estão livres do jugo da lógica das transações, dos preços, das  medidas. É um intercâmbio livre, entre pessoas livres. A experiência altera nossa percepção do viver citadino imediatamente e, mais importante que isso, mexe com nosso imaginário coletivo de maneiras que estamos recém começando a aprender.

Ciclistas em uma Massa Crítica estão entre os praticantes mais visíveis de um novo tipo de conflito social. A “deserção ativa” expressa no ato de pedalar, corrói o sistema de exploração social organizado através da indústria petrolífera e da posse de automóvel particular. Ao pedalar em centros urbanos do Império, nós nos juntamos a um crescente movimento mundial que está repudiando os modelos econômicos e sociais controlados pelo capital multinacional e impostos a nós sem qualquer forma de consentimento democrático. A tomada das ruas, em massa, por um enxame de ciclistas “sem líderes” é exatamente o tipo de lógica de entrelaçamentos sociais auto-dirigida que está transformando nossas vidas, do ponto de vista econômico, e ameaçando a estrutura de governo, de negócios, bem como a estrutura policial e bélica (algo que os estrategistas militares mais imaginativos estão começando a entender).

A Massa Crítica tem uma nova prima na cidade: a San Francisco Bike Party [Festa da Bicicleta de São Francisco, doravante abreviada SFBP]. Esse caráter festivo sempre esteve presente na Massa Crítica; mas o modelo Festa da Bicicleta, tal como foi desenvolvido em San Jose e outras cidades, tem como ponto de partida uma equipe de organizadores (e monitores) voluntários que conduz a diversão. A primeira SFBP aconteceu em uma gélida noite de 7 de janeiro de 2011, e atraiu 1000 ciclistas, apesar do frio intenso. Foi muito parecido com a Massa Crítica, em alguns aspectos: eu curti muitas conversas com pessoas que estavam perto durante a pedalada, havia música, e vibrações amigáveis dos ciclistas bem como dos passantes. Éramos dúzias e centenas de ciclistas preenchendo as ruas no lugar de automóveis, exatamente como sonhávamos durante os primeiros meses da Massa Crítica, lá em 1992.

A Massa Crítica é, ou parece ser, politizada. Mas vamos combinar: sua política é relativamente difusa ou inarticulada; ou talvez seja algo tão plural que não possa ser resumido facilmente em um único conjunto de idéias. A Festa da Bicicleta [SFBP], por outro lado, é declaradamente apolítica, um pouco obcecada com a obediência às regras de trânsito, e – considerando os freqüentes berros de “Festa da Bicicleta!” durante o passeio – acaba estabelecendo uma concepção bastante rasa e vazia do que seja “diversão em bicicletas”.

Mais interessante, talvez, é a liderança informal que se movimenta nos bastidores tanto da SFBP quanto da Massa Crítica. Existe uma linha de continuidade entre a SFBP – com seu comitê organizador e seus “pássaros” (monitores) – e as Massas Críticas mais recentes, ‘da pesada’[hardcore], “sem líderes”, lideradas por anarquistas. Entre os dois extremos – em um papel decididamente imoderado – estão alguns de nós, que gostamos de ambos eventos, por motivos parecidos, mas temos nossas diferenças com ambos, também. Nós não queremos pessoas nos mandando ir para a faixa da direita, de maneira prepotente, ou dando ordem de parar em semáforo quando não há necessidade, ou num ponto de parada obrigatória quando não há tráfego transversal. Como disse um amigo: “não faço isso na minha vida normal, por que faria em uma Festa da Bicicleta?

O que motiva os organizadores e monitores da Festa da Bicicleta? Teriam eles uma necessidade de assegurar que um grupo de pessoas obedeça seus padrões de comportamento? Sabemos que há muitos ciclistas altamente comprometidos com o “bom comportamento e observância às lei”, e que defendem ser este o padrão segundo o qual ciclistas de todos os tipo devem ser julgados.  A SFBP recém começou, é provável que cresça muito, e atraia a atenção da polícia. Quando os organizadores começarem a negociar com a polícia, não vai demorar muito para que esta resolva determinar o que é aceitável e o que não é, em termos de trajetos, paradas e velocidade. Como vai ficar a diversão da Festa da Bicicleta quando os “pássaros” se tornarem óbvios guardiães das preferências policiais?

Dito isso, a primeira SFBP estava de fato muito divertida, e sua auto-disciplina era um espetáculo à parte. Aqui e ali, quando surgia a possibilidade de conflito com algum motorista ou ônibus que precisava passar, as pessoas educadamente faziam espaço. Ninguém furou um sinal vermelho ou avançou contra o tráfego transversal. Nada disso exigiu monitoramento; aconteceu naturalmente, a partir das preferências dos ciclistas.

Interessante observar que esse tipo de cortesia, emanada do bom-senso, poderia ser adotada pela Massa Crítica, de forma rotineira (isso já acontece, mas de forma esporádica); reduzindo assim a tensão e aumentando o prazer na pedalada para a maioria das pessoas. Alguns de nós articulamos esta abordagem e argumentamos em seu favor, em panfletos bem como na Rede, durante anos. Mas nós não queremos ser monitores e não queremos impor nada a ninguém. Nós gostaríamos que as pessoas se comportassem de maneira bacana e respeitosa, porque elas querem fazer isso, e porque isso é mais subversivo do que mostrar raiva e atitude confrontacional!

A Massa Crítica sempre se caracterizou como algo radicalmente democrático. No espaço público de nossas ruas, as pessoas presentes traçam seus próprios destinos segundo a maneira como interagem umas com as outras e com os passantes, coisa que pode ser profundamente democrática – não no sentido de votação onde a maioria ganha, que geralmente aceitamos como definição de democracia – mas no sentido diretamente democrático de participação aberta e não-mediada. Em outros sentidos, a Massa Crítica nunca foi “democrática”: poucas pessoas influenciam a escolha do trajeto (ainda que, em princípio, qualquer pessoa possa exercer influência a cada edição do passeio) e menos pessoas ainda causam conflitos, ao pedalar na contramão ao lado da Massa, ou adiantando-se ao grande grupo e guinando subitamente contra o trânsito transversal.

Nos primeiros anos, trajetos eram propostos e “votados” através da contagem aproximada de mãos erguidas, antes do início do passeio, na Peewee Herman Plaza. Algumas dúzias de pessoas, apenas, conseguiam participar nesse processo, mesmo que houvessem centenas presentes às imediações. Na prática, cada passeio é conduzido pelos ciclistas mais convincentes e assertivos dentre aqueles que se posicionam à frente do grupo. Desde o ataque policial de 1997 – que levou a um grande declínio na comunicação escrita entre os ciclistas (a tão propalada “xerocracia” parece ter se atrofiado) – não houve mais do que uma dúzia de propostas de trajeto, ao longo de igual número de anos. Resultou disso que muitas pessoas que não vivenciaram a Massa Crítica nos anos 90 se tornaram ideologicamente compromissadas com os conceitos “não há trajetos propostos” e “não há líderes”.

Alguns dentre essas mesmas pessoas parecem crer que a Massa Crítica é um “protesto” e que o sentido da coisa é ocupar vias arteriais importantes, de maneira a bagunçar [screw up] o trânsito o mais possível. Às vezes se pode ouvir essas pessoas resmungando, quando o passeio se dirige para o sul, ou muito para oeste, e clamando que deveríamos voltar para a área central, para poder cumprir sua abordagem tática. Dessa maneira esquisita, eles/elas ESTÃO liderando a Massa Crítica, mas sem explicar sua idéia, nem como esse proceder poderia efetivamente levar ao cumprimento de sua não-declarada “missão”. Isso revela essa realidade peculiar, auto-governada, da Massa Crítica: lideranças improvisadas [ad-hoc] tomam decisões importantes que influenciam a experiência que todos estão tendo, mas não dão satisfações a ninguém a não ser a eles mesmos.

É aí que alguns de nós, veteranos,  ficamos coçando a cabeça. Quem disse que a Massa Crítica é um “protesto”? Ser um ciclista antagônico não é contraproducente? O que está havendo em algumas subculturas juvenis cujos membros acham que é realmente radical ‘aprontar’ [to act out] e causar brigas com pessoas que não pensam como eles nem têm a mesma aparência? Não seria mais radical tentar tornar essas pessoas aliados ativos na luta por uma vida melhor? E o estilo de vida convencional [“mainstream”], dependente do automóvel, contra o qual os radicais protestam, não é inerentemente pior do que poderia ser? Não queremos convidar aqueles que estão assim aprisionados a se juntar a nós, ao invés de dar-lhes motivo de nos odiarem?

Em algumas cidades, a polícia conseguiu com sucesso parar a Massa Crítica, talvez porque os ciclistas não tenham conseguido ser tão criativos com o passeio e sua lógica. Em Austin, Texas, e Minneapolis, Minnesota, e até mesmo em Manhattan, a polícia agrediu e prendeu ciclistas, conseguindo assim desencorajar muitas pessoas a participar. Em Portland, Oregon, uma cidade muito pró-bicicleta, a Massa Crítica se extinguiu quando a cultura se tornou demasiadamente dominada por homens jovens e raivosos (em São Francisco nós os chamamos “A Brigada da Testosterona”) que pensam que existe uma “guerra de classes” entre carros e bicis. Eles fazem um esforço extra para bloquear carros, escarnecer e provocar motoristas, especialmente os que estão em carros dispendiosos. Aqueles que fazem essas coisas sentem orgulho disso e crêem estar levando as coisas às últimas conseqüências; mas, para o resto de nós, eles parecem apenas covardes se escondendo na multidão.

Objetos inanimados não têm luta de classes; ver as pessoas dentro dos carros como inimigos é um enorme erro político. Motoristas não são o inimigo, e sim nossos aliados naturais! Esse pessoal, preso no trânsito, dentro de carros ou ônibus, são claramente mais parecidos do que diferentes dos ciclistas que estão temporariamente alterando o ritmo da vida urbana ao tomar as ruas pedalando. O objetivo [the point] da Massa Crítica, na minha opinião sempre foi criar um espaço celebratório convidativo que seja tão contagioso que pessoas que ainda pedalam pouco sejam atraídas, de maneira irresistível, e queiram experimentar aquilo.  Se você ofende pessoas ou tenta fazê-las se sentir culpadas ou constrangidas, existe pouca chance de que elas venham a mudar a maneira como pensam e, por conseguinte, mudar seu comportamento. Nosso prazer é mais subversivo do que nossa ira e, para muitos, é difícil lembrar disso no calor das ruas.

É fácil esquecer que uma das melhores coisas a respeito da Massa Crítica é que ela põe centenas ou mesmo milhares de nós juntos nas ruas, onde as regras e a etiqueta nem sempre são claras. Isso significa que nós temos que resolver os problemas que surgem através do diálogo, vamos acertando/superando as coisas no calor do momento, e com isso adquirimos importante prática em auto-organização política e autogerenciamento.

Nos EUA, durante as últimas duas décadas, houve uma Guerra Cultural muito séria que definiu a sociedade; fundamentalistas cristãos de direita ousaram cada vez mais tentar controlar o comportamento do resto da sociedade. Do outro lado estão milhões de pessoas que preconizam um alto nível de liberdade e tolerância, e você pode encontrar muitas das pessoas mais ardorosas e articuladas desse grupo pedalando na Massa Crítica.

Existe tensão, de fato, entre valores diferentes que se digladiam tentando influenciar essas pedaladas em massa. Uma grande parte dos participantes provavelmente não está nem aí, desde que tenham um passeio divertido todo mês. Não há problema nisso, mas se deixarmos essas questões mais profundas de lado, nós não estaremos correspondendo a nossas próprias expectativas. Quaisquer que sejam nossas preferências pessoais, nem a Massa Crítica, nem a SF Bike Party estão se saindo bem em comunicar aos passantes o significado mais profundo de sua existência. Podemos não gostar de tudo que acontece a cada passeio, mas será que a gente não deveria se puxar mais, tentar influenciar a cultura que compartilhamos, debatendo abertamente nossos comportamentos, nossas “mensagens” (ou a falta delas) e nosso propósito?

Chris Carlsson
título original: Protest or celebration? Or Something Deeper Still?
extraído do blog Nowtopia; primeiramente distribuído pelo autor como panfleto na Massa Crítica de S. Francisco em 28 de janeiro de 201

Protesto sem cartaz não é protesto! (porém alguns dizem: é sim!)

Ativistas carregam cartazes para dar o recado

Veja mais fotos das bicicletadas desta terça-feira, 06/03/2012 neste link.

6 de mar. de 2012

Após mortes, milhares de ciclistas protestam e cobram melhorias (terra.com.br)

Centenas de ciclistas e pedestres se reuniram na avenida Paulista,
no centro de São Paulo, para cobrar mais investimentos em ciclovias

Foto: Ricardo Matsukawa/Terra

Marina Novaes
Direto de São Paulo
Um protesto, promovido em conjunto entre São Paulo e outras cidades brasileiras, contou com a presença de milhares de ciclistas nesta terça-feira, que resolveram se reunir simultaneamente após a morte da bióloga Juliana Dias, 33 anos, atropelada por um ônibus na última sexta-feira, na avenida Paulista. Além dela, duas pessoas perderam a vida em acidentes semelhantes em outros Estados. Os ciclistas cobram investimentos em ações que facilitem a vida de quem usa a bicicleta como meio de transporte.

Mas se na sexta-feira o clima era de luto em São Paulo, hoje a bicicletada nacional era voltada às reivindicações. Para os ciclistas, embora a prefeitura tenha "olhado" mais para a questão, os investimentos ainda são muito voltados para o lazer. "É bom que haja ciclofaixas nos fins de semana, mas e os outros cinco dias da semana? Precisamos de ciclovias, vias sinalizadas e, principalmente, treinar os motoristas a respeitarem os menores", diz Felipe Aragonez, diretor do Instituto CicloBR.

O ciclista Jemison Su, 36 anos, concorda. Ele, que usa diariamente a "magrela" como transporte, diz não se sentir seguro nas ruas. "Deveria haver uma faixa exclusiva para os ciclistas nas ruas principais. Nós ficamos muito expostos, é um risco diário. Falta investimento", afirmou. "Meus filhos estão na Europa e lá é comum usar bicicleta todo dia. Aqui é essa preocupação. Chorei muito quando soube da morte da Juliana", contou Selma Bombachini, que veio representar os filhos cicloativistas, trazendo flores para distribuir para os motoristas.

Na semana passada, os ciclistas instalaram uma "ghost bike" (bicicleta fantasma) em homenagem a Juliana, na esquina com a rua Pamplona. Hoje, eles pararam em frente ao local e homenagearam a vítima com um minuto de palmas, enquanto o trânsito na Paulista ficou trancado por cinco minutos em ambos os sentidos. Além de gritar slogans como "mais amor, menos motor", os ciclistas carregaram cartazes em suas bikes com dizeres como "respeite a vida" e "cuidado comigo".

Discussão com motoristas
A bicicletada incomodou alguns motoristas na avenida Paulista, pois em vários cruzamentos os ciclistas ocuparam os dois sentidos, paralisando o trânsito. Eles deitavam na rua, em protesto contra a violência, e a ação causou enorme fila.
Incomodado, um casal, que seguia no sentido Consolação, chegou a descer do carro e discutir com os manifestantes, que foram dispersados pelos próprios colegas. Em outro momento, um motociclista, que também trafegava no sentido Consolação, foi impedido de passar, bateu boca com os ciclistas e teve de ser "escoltado" por dois policiais militares para prosseguir.

Porto Alegre tem forte adesão
Na capital gaúcha, o protesto contou com aproximadamente 400 ciclistas, que saíram do Largo Zumbi dos Palmares e percorreram as principais ruas do bairro Cidade Baixa, Bom Fim e Centro. Há um ano, no mesmo local, um grupo foi atropelado pelo funcionário do Banco Central Ricardo Neis enquanto participava de uma bicicletada.

Dos atingidos, 17 ficaram feridos. Desde então, o Massa Crítica ganhou uma forte adesão em Porto Alegre, reunindo mensalmente centenas de ciclistas, que cobram mais investimentos principalmente em ciclovias, já que a cidade tem apenas 8 km espalhados pelas ruas. Na noite de hoje, o protesto, que durou mais de uma hora, teve gritos bem humorados, cartazes e a presença de diversas crianças acompanhadas dos pais.

Outros Estados
No Rio de Janeiro, um grupo de aproximadamente 100 pessoas se reuniu na Cinelândia e percorreu as principais vias do centro da capital. O trajeto passou por Santa Luzia, avenida Presidente Antônio Carlos, rua da Assembleia, rua da Carioca, Praça Tiradentes, rua Visconde de Rio Branco, Praça da República, Central do Brasil e avenida Mem de Sá, na Lapa. Na Central do Brasil, os manifestantes se deitaram no chão, se fingindo de mortos. A todo momento, usaram gritos como "bicletada é um carro a menos", "bicicleta todo dia, eu não vou pra academia" e "quem vai de bike chega primeiro".

A edição de Salvador da Bicicletada Nacional contou com aproximadamente 100 pessoas da Massa Crítica. Os ciclistas se encontraram no bairro do Rio Vermelho e depois seguiram para o Jardim de Alah pela orla marítima. Há 10 dias, a capital baiana também teve um acidente com morte de um ciclista. Segundo o engenheiro Clement Vialle, que integra o movimento de Salvador, o objetivo do grupo é chamar a atenção para as bicicletas como meio de transporte e não apenas diversão, além de cobrar políticas públicas para os ciclistas.

Em Santa Catarina, a adesão foi de aproximadamente 100 pessoas em Florianópolis. O grupo se reuniu diante de um shopping center e seguiu para ao campus da Universidade Federal de Santa Catarina (USC), percorrendo em seguida algumas ruas da região central da cidade.

Em Curitiba (PR), o movimento repetiu o roteiro do tradicional "bikenigth", que ocorre semanalmente nas noites da cidade com apoio da prefeitura e da Polícia Militar, passando por alguns pontos turísticos. Na concentração, no pátio da reitoria da Universidade Federal do Estado, os mais de 300 manifestantes acenderam velas em homenagem às vítimas e partiram, escoltados por guardas de trânsito, também de bicicleta, cantando músicas e gritos de guerra.

Nas ruas de Belo Horizonte (MG), o Massa Crítica criticou a falta de projetos de ciclovias na capital mineira, partindo da Praça da Estação, no centro. De acordo a BHTrans, empresa que gerencia o trânsito na capital, 22km de ciclovias existem na cidade. Em 2011, um investimento de R$1,1 milhão foi anunciado pela empresa, que tem projetos de construção de mais 33 km de ciclovias em andamento.

Llink para a reportagem do terra.com.br aqui